Por que investir?
Acredito que nos últimos anos, nunca se falou tanto sobre investimentos. Isso se deve, em parte, a ofensiva promovida pelas Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVMs) e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs). [1] Elas realizaram um marketing agressivo, para atrair o público do setor de varejo que estava insatisfeito com os serviços oferecidos pelos bancos tradicionais (Itaú Unibanco, Bradesco, BB, Caixa, etc.). Como diferenciais, ofereceram custos mais baixos e atendimento menos burocrático. Além disso, recrutaram celebridades, como o ator Murilo Benício[2] e o jogador de futebol Neymar,[3] para realizar propagandas nos diversos meios de comunicação, e assim, despertar o interesse do público para fazerem parte do grupo de pessoas que investem através das CTVMs e DTVMs.
Não é preciso nem dizer que esta estratégia tem dado muitos frutos. Em 2017, por exemplo, houve um aumento de 10% no números de pessoas físicas investindo no mercado de ações em relação a 2016. Suponho que a maioria dos que migraram de instituição, fizeram com o objetivo de melhorar a qualidade dos seus investimentos, aliando custos menores. É lícito e compreensível tal postura, sobretudo se o intuito é procurar melhores alternativas para o próprio dinheiro, poupado com tanto esforço. Mas podemos nos questionar: Por que tanto esforço por parte dessas pessoas para melhorar seus investimento? O que os motiva a investir? É do que se trata o assunto: Por que investir?
Primeiramente, é preciso deixar claro, que em nenhuma hipótese, o presente texto trata de uma sugestão de compra ou venda de algum ativo. O objetivo é puramente educacional.
Voltando ao assunto, a resposta curta e mais geral é: investe-se para se adquirir independência. Simples assim. Que tipo de independência? Resposta: Qualquer uma. Vejamos como, no dicionário Aurélio,[4] a palavra independência é abordada. Nele, existem quatro significados:
- Estado de não se achar sob domínio ou influência estranha;
- Autonomia;
- Caráter de independente;
- Arbusto euforbiáceo (símbolo, em 1822, da independência do Brasil).
Tirando a última possibilidade (por questões obvias), as três primeiras acepções guardam estrita relação com o significado de independência que trago aqui. Quando investimos em algo (estudo, negócios, imóveis, dinheiro, parcerias, etc.), criamos expectativas, de que mais a frente, desfrutaremos dos benefícios deste investimento realizado. Esses benefícios trazem (de forma direta ou indireta) a independência tão almejada por cada um de nós. Do conceito independência extrairmos, por exemplo, o conceito de Independência Financeira, bastante ouvido nos bate-papos sobre finanças, e que significa que você não precisar depender de uma fonte de renda externa (pais, família, emprego, etc.) para viver a sua vida com conforto material. É nele que, daqui por diante, vamos focar para responder a questão central do texto, dessa vez, de maneira específica.
Em sentido estrito, investimos por diversos motivos, porém todos esses motivos estão relacionados a Independência Financeira. A seguir, trago algumas situações do cotidiano que motivam as pessoas a investirem. São elas:
- Proteger seu dinheiro contra a inflação. Não vamos entrar em detalhes do que seria inflação. Isso já dá uma tema, por si só. Mas preciso que você aceite que a inflação é: uma taxa de variação relativa dos preços para produtos e serviços.[5] Se você é da época de Show da Xuxa ou Armação Ilimitada, lá nos idos dos anos 80, deve-se lembrar desse monstro chamado inflação. Os preços dos produtos no supermercado a tarde eram maiores daqueles praticados pela manhã.[6] E certamente, o preço do café da manhã do Show da Xuxa no dia seguinte, era maior que no dia anterior. O dinheiro se desvalorizava tão rapidamente que, mesmo com cortes de zeros, era necessário a adoção de carimbos nas cédulas, para identificar o unidade real daquele dinheiro![7] Com a chegada do Plano Real, esse ciclo hiperinflacionário foi extinto, mas continuamos a ter inflação, i.e., o poder de compra do Real vem diminuindo, gradativamente, ao longo dos anos. Portanto, adquirir ativos que, ao menos, corrijam tal desvalorização que a taxa de inflação impõem ao seu dinheiro, é essencial para que o poder de compra do seu dinheiro seja preservado.
- Criar a própria aposentadoria. Diante dos recentes acontecimentos, esse tópico nunca esteve tão presente nas nossas vidas. Fundos de pensão com rombos bilionários [8, 9] deixando seus beneficiários sem receber aposentadoria; boa parte dos Estados da federação afundado em dívidas, sobretudo Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, tem levado os salários dos aposentados a atrasos sistemáticos, sobretudo os 13° salários.[10] Agora, imagines o que se passa na cabeça de uma pessoa que contribuiu, regularmente e com disciplina, por 30 anos ou mais, para gozar de uma velhice com independência financeira, sem aperrear ninguém, e constatar que este sonho foi pro água a baixo?Nos casos citamos acima, estamos supondo que o valor da pensão não-recebida, é suficiente para pagar todas as contas e proporcionar uma vida digna ao aposentado. Sabemos que, em muitos casos, tal suposição não encontra amparo na realidade. Conclusão: Nos dias de hoje, faz-se necessário criar a própria aposentadoria, mesmo que você seja um servidor público, uma vez que diversas incertezas pairam sobre o futuro do sistema público de previdência. Por isso que realizar investimentos é importantíssimo para sua aposentadoria, uma vez que será uma das suas fontes de renda no futuro ou até mesmo sua ÚNICA fonte de renda quando você resolver que é hora de parar de trabalhar.
- Ajudar na realização dos seus projetos de vida. Talvez seja, o lado romântico de ver os benefícios da independência financeira na sua vida. Esse motivo tem a ver com item de se proteger da inflação. De acordo com o SPC,[11] os brasileiros realizam apenas três de cada dez sonhos. Desses sete sonhos não realizados, 35,5% tratam-se de viagens nacionais e internacionais; 21,3% relacionam-se a procedimentos de estética e beleza; 12,4% de restaurantes, bares e boates; e 11,3% de automóveis. Caso você tenha um desses sonhos a realizar, é muito provável, que em alguma etapa deste processo de realização, seja necessário o dispêndio de capital. Sabe o dinheiro, grana, “bufunfa”? Isso mesmo. Sem ele, não dá! Mas me diga uma coisa: Como é que você vai aumentar suas chances de concretizar seus sonhos se você não investe seu salário? Ao menos para se proteger da inflação no período?
- Acumular patrimônio. Mais à frente, falarei sobre a importância do acúmulo de patrimônio para conquista da independência financeira. Por hora, guarde na sua cachola que investir é: uma ferramenta importantíssima no acúmulo de patrimônio.
- Proteger-se contra as intempéries do futuro. Pode ser entendido como um caso geral do item que trata sobre proteger-se da inflação. “O seguro morreu de velho”[12]. Acho que todo mundo já deve ter ouvido esse dito popular. Pois bem, quando a pessoa é precavida, guarda seus pertences de valor, num local mais o seguro possível, para se proteger de alguma ameaça que por ventura tente tomá-los de você? Em finanças é a mesma coisa: No primeiro momento, a ideia é poupar para adquirir o recurso. Posteriormente, pode-se investir estes recursos em ativos, como por exemplo, ações no exterior. Nesse caso, o intuito é de se proteger conta uma crise brasileira mais aguda, com hiperinflação, etc.
O dinheiro vai ficar “trabalhando” pra você à distância sem sofrer os impactos da tormenta brasileira.
Creio que os motivos, acima listados, abrangem a maior parte dos casos. Espero que a ideia de independência tenha ficado clara, como elemento central por trás da decisão de investir. Se esqueci de falar de algum motivo, por favor deixem nos comentários. Conhecimento sempre é bem-vindo! Também, é preciso deixar claro que não pretendemos esgotar o assunto, uma vez que o próprio dinamismo da economia e da sociedade permitem um novo olhar sobre o tema, sendo necessário, periodicamente, revisitá-los. Mas por qual desses motivos você investe? Ainda não investe?! Aguarda um pouquinho, que nos próximos encontros, falaremos acerca dos tipos de investimento que te ajudarão a combater cada um dos motivos listados acima. Adianto que eles se dividem em investimentos de renda fixa e variável.
Supere Psicologia está sempre do seu lado!
Marcus Pereira
marcus.dos.santos@gmail.com
Marcus Pereira (o Marcão), é Bacharel em Química pela UFPE, Mestre em Química pela UFPE e Doutor em Ciências também pela UFPE. E desde 2013, investe na Bolsa de Valores, sendo bastante entusiasmado com as potencialidades deste mercado. É o criador e fundador do canal, Strategia: Bolsa de Valores e Finanças Pessoais (https://www.instagram.com/_strategia_). Lattes: buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4771540H6
Referências
- http://www.bcb.gov.br/pre/composicao/corretoras_distribuidoras.asp
- https://investimentos.xpi.com.br/
- http://www.mktesportivo.com/2018/05/rico-vence-concorrencia-e-anuncia-neymar-como-garoto-propaganda/
- https://dicionariodoaurelio.com/independencia
- https://www.investopedia.com/terms/i/inflation.asp
- Esses índices de inflação chegaram a 80% ao mês!
- https://economia.uol.com.br/album/2016/02/26/plano-cruzado-completa-30-anos-veja-as-cedulas.htm
- http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fundos-de-pensao-tem-rombo-de-r-70-6-bilhoes,70001749255
- http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fraudes-poem-em-risco-aposentadoria-de-servidores-de-ate-200-cidades-no-pais,70002297712
- https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2017/12/06/no-rj-227-mil-servidores-e-aposentados-nao-receberam-o-13-do-ano-passado.htm
- https://www.spcbrasil.org.br/uploads/st_imprensa/analise_sonhos_de_consumo_v41.pdf
- https://www.dicionarioinformal.com.br/o+seguro+morreu+de+velho/