A Aceitação como Instrumento no Processo Psicoterapêutico Cognitivo-Comportamental
Os conteúdos psicológicos de cada indivíduo são elaborações construídas ao logo de suas histórias de vida. Sendo assim, melhor que buscar extinguir ou modificar vivências emocionalmente perturbadoras, é um trabalho terapêutico que objetive continuamente o estímulo a aceitação em relação às emoções desagradáveis sentidas por cada paciente, pois estas fazem parte da condição humana legítima de existir, enquanto ser pensante e ator social.
O modelo de psicopatologia em que se apóia a Terapia da Aceitação e Compromisso – ACT, umas das abordagens cognitivo-comportamental contemporânea, leva em consideração que a hesitação no que se refere às situações internas que causam angústias, contribui para o surgimento de transtorno de ansiedade e do humor.
Para desencorajar este tipo de atitude, o trabalho em terapia visa mostrar ao paciente que pensamentos e emoções são produtos de suas aprendizagens e reflexos da sua condição atual de vida. Uma alternativa melhor em relação à eliminação de sentimentos que causam sofrimento é trabalhar com os pacientes o acolhimento de tais sentimentos, revisá-los e buscar abordá-los sobre outro ângulo.
Mas afinal, o que deve ser aceito?
Na ACT, a aceitação enfoca principalmente o relacionamento do sujeito com suas dores interiores e é sempre umprocesso em evolução. Baseia-se na opção de buscar relacionar-se de forma mais tolerante com seus conteúdos psicológicos, sem tentar evitar o que lhe é desagradável e simultaneamente, lembrar que seus pensamentos e sentimentos são na verdade produções próprias do seu contexto.
O intuito é de auxiliar o paciente a reduzir a energia investida na luta contra suas emoções disfuncionais, focando sua energia em um redirecionamento mais saudável emocionalmente, uma vez que deste modo, é possível que o paciente consiga deixar de se permitir ser refém de suas próprias emoções negativas.
Aceitação não quer dizer que o sujeito tem que se submeter à lógica de suas respostas internas, mas que as entende. Quando se observa os pensamentos e sentimentos a partir de um certo distanciamento psicológico, a pessoa se mostra aberta a receber e a considerar as dicas que as respostas internas elucidam a respeito do que ocorre em sua vida.
Um exemplo disso, é o sentimento de tristeza em determinada circunstância. Neste caso, aceitar tem o significado de se acolher a emoção e entende-la como um sinal, uma oportunidade de aprendizado sobre o que se vive, representa assumir uma perspectiva sem julgamentos.
É possível entender a postura de aceitação como o ato de tomar um tempo para que cada indivíduo possa sentir o que esta acontecendo internamente a si. A aceitação de sentimentos e sensações angustiantes proporciona mais liberdade no sentido de se poder interagir num mundo onde nem sempre se pode ter controle das variáveis, mas no qual é possível se envolver de forma mais ativa e saudável em relação aos nossos pensamentos e emoções.
Vamos nos posicionar de forma mais ativa e saudável em relação aos nossos pensamentos e emoções? A Supere está sempre ao seu lado para lhe oferecer todo o suporte necessário para que possa viver de forma mais plena.
Renata Patrícia Tavares de Lucena
Psicóloga Clinica e Organizacional
Psicoterapeuta Cognitivo Comportamental
renapatl@yahoo.com.br
Referências
VANDENBERGHE, Luc; VALADAO, Valquíria César. Aceitação, validação e mindfulness na psicoterapia cognitivo-comportamental contemporânea. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 9, n. 2, p. 126-135, dez. 2013 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872013000200008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 18 fev. 2018. http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20130017.