Vocês sabem o que são crenças exageradas? Segundo Beck (1997), há uma inter-relação entre cognição, emoção e comportamento implicada no funcionamento normal do ser humano e, em especial, na psicopatologia. Não é o evento em si que gera as emoções e os comportamentos, mas sim o que nós pensamos sobre os eventos. Há, portanto, uma interação recíproca entre pensamentos, sentimentos, comportamentos, fisiologia e ambiente, em que a mudança em qualquer um dos componentes pode iniciar modificações nos demais.
O Terapeuta na Terapia Cognitivo Comportamental procura ajudar o indivíduo a identificar os pensamentos que são disfuncionais, ou seja, os que distorcem a realidade, que causam aflição e/ou interferem no seu comportamento. Com a ativação, o processamento de informações torna-se tendencioso, pois o indivíduo extraí da realidade, apenas as informações que confirmam a crença disfuncional, negligenciando ou minimizando as evidências contrárias. Essa forma distorcida de interpretação das vivências, são chamadas de distorções cognitivas ou de pensamento, e são bastante prevalentes na forma do indivíduo avaliar a si mesmo, ao mundo e ao futuro. Um dos objetivos da TCC é corrigir as distorções cognitivas, promovendo a reestruturação cognitiva (flexibilidade cognitiva).
No modelo cognitivo de Beck (1997), as crenças nucleares ou centrais, são as ideias e conceitos mais enraizados e fundamentais acerca de nós mesmos, das pessoas e do mundo. É só uma ideia, não necessariamente uma verdade, são incondicionais e se constroem através de experiências na infância e se fortalecem ao longo da vida, modelando nosso funcionamento psicológico. As crenças nucleares disfuncionais podem permanecer latentes, sendo ativadas nos transtornos emocionais, tornando tendencioso o processamento de informações.
Araújo (et al., 2013), definiu o termo “Transtornos do exagero” para definir aquelas disfunções em que os indivíduos tem uma relação exagerada com drogas, comida, sexo, jogo, internet. Segundo Araújo (2016), as crenças centrais e aditivas/exageradas se encaixavam uma na outra como peças de um quebra-cabeça. Essa combinação de crenças seria a grande responsável por desencadear a fissura e o comportamento aditivo/exagerado. Muitos pacientes dizem, por exemplo, que “sentem-se vulneráveis” (crença central), que seus comportamentos exagerados os “deixam mais fortes” (crença exagerada) e que, por isso, exageram. Trabalhar essas crenças é fundamental para que consigam realizar algum tipo de mudança.
Foi com o objetivo de analisar as crenças centrais, as crenças aditivas (exageradas), as emoções desencadeadas e elaborar possíveis crenças de controle, que Araújo (20013) desenvolveu o Quebra-Cabeça das Crenças Exageradas, visando demonstrar que a combinação entre crenças centrais e exageradas, no final, podem trazer um grande prejuízo aos indivíduos, possibilitando aos pacientes o entendimento do comportamento exagerado, a partir da diminuição da força de suas crenças, para assim modificar esse comportamento disfuncional.