Falta de limites ou recusa de responsabilidades?
Cada dia mais preocupados com o comportamento dos filhos, os pais lotam consultórios de médicos e psicólogos em busca de ajuda para questões que vão desde desobediência constante e birra a comportamentos violentos.
A internet é uma ferramenta que pode ajudar bastante, mas em muitos casos pode ser grande geradora de estresse por oferecer falsos diagnósticos para pais procurando explicações a respeito do comportamento inadequado dos filhos.
O Transtorno Desafiador de Oposição – TOD é um desses problemas que faz com que os pais procurem ajuda para os comportamentos disruptivos de seus filhos.
O TOD está englobado na categoria dos transtornos diagnosticados pela primeira vez na infância e adolescência (American Psychiatric Association [APA], 2002), esse quadro psicológico da infância tem uma das maiores prevalências na população em geral e a maior dessa faixa etária que procura por serviços de saúde mental.
Os comportamentos desafiadores e oposicionistas são comuns em crianças pré-escolares e adolescentes, como características transitórias do desenvolvimento. Assim sendo, é preciso ter atenção ao fazer tal diagnóstico nessas faixas etárias. Por isso, o TOD só pode ser diagnosticado de acordo com a frequência e persistência dos comportamentos comparados com outras crianças do mesmo gênero, no mesmo estágio evolutivo, social, cultural e ocupacional.
Para um diagnóstico deste transtorno, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos mentais – DSM-5, os principais critérios são:
- Um padrão de humor raivoso/irritável, de comportamento questionador/desafiante ou índole vingativa com duração de pelo menos seis meses, como evidenciado por pelo menos quatro sintomas de qualquer das categorias seguintes e exibido na interação com pelo menos um indivíduo que não seja um irmão.
- Humor Raivoso/Irritável:
- Com frequência perde a calma;
- Com frequência é sensível ou facilmente incomodado;
- Com frequência é raivoso e ressentido.
- Comportamento Questionador/Desafiante:
- Frequentemente questiona figuras de autoridade ou adultos;
- Frequentemente desafia acintosamente ou se recusa a obedecer a regras ou pedidos de figuras de autoridade;
- Frequentemente incomoda deliberadamente outras pessoas;
- Frequentemente culpa outros por seus erros ou mau comportamento.
- Índole Vingativa:
- Foi malvado ou vingativo pelo menos duas vezes nos últimos seis meses.
Embora os critérios sejam bem definidos, mais uma vez, devemos ter atenção a persistência e a frequência desses comportamentos pois servirá para distinguir entre um comportamento dentro dos limites normais e um comportamento sintomático. No caso de crianças com idade abaixo de 5 anos, o comportamento deve ocorrer na maioria dos dias durante um período mínimo de seis meses, nas crianças maiores de 5 anos o comportamento deve ocorrer pelo menos uma vez por semana, também por no mínimo seis meses.
A gravidade varia de acordo com os ambientes em que os sintomas se apresentam, porém não é raro crianças com transtorno de oposição desafiante apresentarem sintomas somente em casa e apenas com membros da família. No entanto, a difusão dos sintomas a outros ambientes é um indicador da gravidade do transtorno.
Procurar ajuda para o Transtorno de Oposição Desafiante é essencial não apenas para melhorar a convivência familiar e social da criança ou do adolescente. Os sintomas quando não tratados adequadamente ou insuficientes está relacionado ao desenvolvimento em quase 80% dos transtornos mentais na vida adulta, sendo a maior parte voltado para transtornos depressivos graves e transtornos de ansioso. Há também um relevante aumento do uso abusivo de álcool e outras drogas por jovens com TOD (Caminha, 2011).
Acompanhamento psicológico é essencial para administração e remissão dos sintomas. A Terapia Cognitivo-comportamental faz uso de estratégias como (Caballo, 2010):
- Treinamento de controle da raiva e impulsividade;
- Métodos comportamentais que auxiliam na organização da rotina, criação de limites e adequação social;
- Psicoeducação sobre habilidade social, etc.
A participação dos pais, responsáveis e familiares próximos, é imprescindível no processo de tratamento. A terapia familiar e o treinamento de pais é essencial para a mudança definitiva desses comportamentos disfuncionais apresentados pela criança ou adolescente com este transtorno.
Quaisquer dúvidas sobre o Transtorno Opositor Desafiador e seu tratamento, a equipe da Supere Psicologia está sempre do seu lado.
Renata Allain
Psicóloga Especialista em Terapia Cognitivo-comportamental
renatallain@hotmail.com
American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
Caballo, V.E. & Simón, M.A. (Orgs.). Manual de psicologia clínica infantil e do adolescente: transtorno específicos. São Paulo: livraria Santos, 2010.
Caminha, R.M. & Caminha, M.G. (Orgs.). Intervenções e treinamentos de pais na clínica infantil. Porto Alegre: Sinopsys Editora, 2011.
Friedberg, R.D. & McClure, J.M. Pratica clinica de terapia cognitiva com crianças e adolescentes. Porto Alegre: Artmed, 2008.